sexta-feira, 20 de maio de 2011

GOTICO-MANUELINO




















Portugal, no século XVI, sob a influência das descobertas marítimas, do afluxo das riquezas de além-mar, da consolidação do poder real e do fausto da vida cortesã, a arquitectura gótica renova-se e multiplica-se os motivos ornamentais, dando origem a um estilo híbrido, denominado por manuelino





GOTICO-MANUELINO

Mais do que um estilo, dotado de originalidade e uniformidade, o manuelino é uma arte heterogénea. Manifesta-se na arquitectura e na decoração arquitectónica e nela se fundem:

 O naturalismo

 O exotismo

 A simbologia cristã

Do ponto de vista estrutural, o estilo gótico foi mantido, embora se introduzissem algumas alterações.

No que se refere à decoração, o manuelino caracteriza-se pela exuberância das formas naturalistas, onde os motivos marinhos se conjugam com a vegetação terrestre.

Embora o manuelino esteja maioritariamente representado na arquitectura religiosa de Portugal, não devemos esquecer os progressos verificados na arquitectura civil: os paços régios e os solares nobres representam bem a decoração manuelina.

ARQUITETURA


Gramática decorativa greco-romana

Para além dos aspectos estruturais, a influência da Antiguidade fez-se também sentir na adaptação da gramática decorativa greco-romana. Assim:

1- Empregam-se as colunas e os entablamentos das ordens clássicas. No séc. XVI, os arquitectos elaboraram uma nova teoria das regras de proporção

2- Retomaram-se os frontões triangulares

3- Utilizaram-se os grotescos

4- Proporções urbanísticas

ARQUITECTURA




Foi na Itália, que a arquitectura renascentista se afirmou e definiu as suas principais características.
Simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios
De costas voltadas para o estilo gótico e influenciada pela Antiguidade a arquitectura procedeu, a simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios.


Com efeito:

1- Verificou-se uma matematizaçao rigorosa do espaço arquitectónico a partir de múltiplos de uma unidade-padrao. As relações proporcionais, estabelecidas entre as várias partes do edifício estenderam-se às suas medidas principais. Se estas coincidissem, o edifício inscrever-se-ia num cubo. “Cubos e paralelepípedos”


2- Procurou-se a simetria absoluta, partindo-se do princípio de que o edifício ideal é aquele em que todos os eixos, na horizontal e na vertical, são simétricos. As fachadas, por sua vez visível no rigoroso enquadramento que preside às portas e janelas.

3- Aplicou-se a perspectiva linear

4- Retomaram-se as linhas e os ângulos rectos

5- Preferiram-se as abóbadas de berço e de arestas

6- Fez-se a cúpula

7- Utilizou-se preferentemente o arco de volta perfeita

ESCULTURA





A escultura recuperou a grandeza e a preeminência alcançadas na Antiguidade Clássica.

Nelas se inspiraram os escultores do Renascimento para traçar os novos caminhos da sua arte. Ao deixar de estar subordinada ao enquadramento arquitectónico, para onde a Idade Media a relegara, a escultura ganhou agilidade e naturalidade. O corpo nu readquiriu a dignidade perdida e a estátua equestre voltou a triunfar na praça pública.

CARACTERÍSTICAS:

1- Humanismo e naturalismo são, efectivamente, as grades características da escultura do são, efectivamente, as grades características da escultura do Renascimento. Os escultores interessaram-se pela figura humana pelo indivíduo dotado de ossos, músculos e personalidade. Foram excelentes no rigor anatómico e na expressão fisionómica que produziram nas suas obras. As formas rígidas da escultura medieval deram lugar à espontaneidade e à ondulação das linhas.


2- O equilíbrio e a racionalidade marcaram a escultura renascentista que mostrou um especial interesse pela composição geométrica


3- O elevado aperfeiçoamento técnico de que os escultores do os escultores do Renascimento mostraram ser capazes. Salientam-se os estudos de perspectiva, baseados em rigorosos desenhos prévios, que permitiram a proporção e o naturalismo da escultura.


Escultores do renascimento:
• Lorenzo Ghiberti
• Donatello
• Bernardo Rossellino
• Andrea del Verrocchio
• Miguel Ângelo

PINTURA




É durante o Renascimento que a pintura europeia se promove e emancipa, adquirindo uma dignidade e elevação sem precedentes.


Leonardo da Vinci elevou a pintura ao cume das artes. Ela era a arte por excelência, o pintor, o criador.



Falando agora das características gerais da pintura renascentista, diremos que ela comungou da paixão pelos clássicos. Tal como se fez sentir no gosto pela representação da figura humana.


Deste modo, a pintura reflectia, também, a redescoberta homem e do indivíduo, que foi uma imagem de marca da cultura renascentista. O que mais vinca a pintura do Renascimento é a sua originalidade e criatividade.

1. Pintura a óleo


É realizada sobre a madeira ou tela, a pintura a óleo conheceu uma grande aceitação. Não só pela durabilidade e possibilidade de retoque que conferia às obras de arte, mas também pela variedade de matizes e de gradações de cor, que garantiam representações pormenorizadas e efeitos de luz e de sombra.


2. Terceira dimensão

A descoberta da terceira dimensão ficou-se a dever aos estudos matemáticos sobre a perspectiva. De acordo com tais estudos, o campo de visão do observador é estruturado por linhas que tendem a unificar-se no horizonte. Servindo-se do cruzamento d obliquas, de efeitos de luz e cores, de aberturas rasgadas nos fundos arquitectónicos, construindo assim um espaço tridimensional, marcado pela profundidade, pelo relevo e pelo volume das formas. Deste modo, concretizaram a perspectiva linear.
No séc. XVI, Leonardo da Vinci tornou-se um grande teórico da perspectiva aérea. Para o efeito utilizava o sfumato, gradação pequeníssima da luz, que nos permitiu ver os objectos locais com maior nitidez, enquanto os mais afastados se transformam em sombras azuladas.

3- Geometrização


Para a composição das cenas, os pintores renascentistas adoptaram formas geométricas, com preferência pela piramidal, para composição das cenas. Considera-se que perspectiva e geometria foram os grandes fundamentos da composição artística no Renascimento.



4- As representações naturalistas


As representações naturalistas enquadram-se no movimento de descoberta da Natureza e de valorização do real numa época de renovação de hábitos e ideias, em que se despontava a concepção do homem.
A expressividade dos rostos, aos quais não se inibia de apontar imperfeições.

Não lhes bastou a veracidade dos traços fisiológicos. A grandeza dos retratos renascentistas residiu na sua capacidade de exprimir sentimentos e estados de alma e de reflectir os traços da personalidade.

Ressalta também, a espontaneidade dos gestos e a verosimilhança das vestes e dos cenários, que eram de casas e paisagens da época, em lugar dos fundos dourados das pinturas góticas.


Por sua vez, o corpo, de humanos ou animais, foi pintado com verdadeiro rigor anatómico.

Quanto à variedade de rochas, plantas, rios, lagos, montanhas e cidades, foram consequência de um conhecimento experimental do mundo envolvente, que permitiu fazer da paisagem um elemento essencial da composição pictórica.

A reinvenção das formas artísticas


1- A imitação e superação dos modelos da antiguidade


Tal como nas letras e o pensamento renascentistas, também a arte do séc. XV e XVI foi marcada por uma nova estética e uma nova sensibilidade, que irradiaram da Itália. O regresso aos clássicos e o regresso à natureza inscreveram-se nos seus propósitos fundamentais.
2- Classicismo


O ressurgimento da Antiguidade clássica influenciou profundamente o mundo das formas. Os artistas do Renascimento, tal como os humanistas, manifestaram um tal repúdio pela estética medieval, particularmente pela gótica, que consideravam oposta à clássica. Só a arte dos antigos é que era harmoniosa, proporcionada e bela, pois baseava-se em leis e regras racionais.

Como manifestações de classicismo na arte do Renascimento, devemos referir:

• A recuperação dos elementos arquitectónicos greco-romanos, tal como a própria teoria clássica de ordem arquitectónica.

• Adopção de temáticas e figuras da mitologia e da história clássica

• O gosto pela representação do corpo humano com uma plenitude quase pagã. O nu ressurge glorificado, no Homem, a perfeição divina das suas formas.

• O sentido de harmonia, simetria e ordem que transparece das criações artísticas, verdadeiramente celebrador da excelência humana. Ao fazer do Homem uma medida na arte, o classicismo acabou por se tornar uma forma de humanismo artístico.
3- Naturalismo e capacidade técnica

Um vivo sentido de captação do real animou os artistas do Renascimento, que exprimiam um verdadeiro prazer nas representações do ser humano e nas reproduções da Natureza.

Foi o naturalismo na arte responsável pela descoberta de duas importantes e revolucionarias técnicas:
A perspectiva, conjunto de regras geométricas que permitem reproduzir, numa superfície plana, objectos e pessoas com aspecto tridimensional.

A pintura a óleo, favorece a visualização do detalhe e a obtenção de uma gama de cores rica em tonalidades.

A capacidade técnica dos artistas do renascimento que os levou a produzir uma obra original, superando os modelos da Antiguidade.

Conscientes do seu valor, da sua cultura e experiência e dos seus múltiplos talentos, os artistas não mais quiseram ser considerados apenas bons artífices de uma oficina de arte. Por isso, recusaram a integração nas corporações e, orgulhosamente, colocaram a sua assinatura nas obras de arte.

O artista do renascimento sentiu-se um criador.

Racionalidade, espírito crítico, individualismo e utopia




Erasmo de Roterdão


Os humanistas demonstraram as possibilidades da razão humana ao exercerem o seu espírito crítico. Fizeram-no denunciando os problemas do mundo que os rodeia e concebendo utopias.
Erasmo de Roterdão procurou recuperar os valores de humildade, da caridade e da fraternidade do cristianismo primitivo.

Foi pelos seus ideais de conduta, um ponto de referência para todos aqueles que buscavam a autenticidade, a honestidade e a pureza evangélica.

É usual dizer-se que o renascimento descobriu o homem, libertando-o dos constrangimentos do passado, fossem ele familiares, corporativos, religiosos ou da sociedade em geral e que os colocou no centro do mundo. Não existindo este corte entre a Idade Média e o Renascimento que alguns historiadores defenderam, é verdade que entre uma época e outra assiste-se a um enfraquecimento dos vínculos sociais: indivíduos que não pertenciam aos grupos dirigentes conseguiram afirmar-se, segundo carreiras fora dos quadros tradicionais.


Foi a tomada de consciência do seu valor que produziu os aspectos que tradicionalmente se associam ao homem renascentista: um homem universal – hábil nas letras e na ciência, cortesão e soldado – egoísta, com ambição de fama e de nome imortal.

Frequentemente, a crítica social conduziu a construção de utopias. Com efeito, muitas obras literárias do renascimento perspectivaram mundos de perfeição e harmonia, onde se praticava um novo ideal de vida centrado nos valores humanos.


A utopia mais célebre foi a de Thomas More, esta utopia concebeu um mundo ideal, racionalizado, onde havia paz espiritual, igualdade, fraternidade e tolerância. Um mundo onde o homem, como ser superior, sabia vencer as paixões e os vícios e estabelecer a prosperidade.

Valorização da antiguidade clássica



Eram na sua maioria eclesiásticos e professores, os humanistas condenam fortemente os valores e a produção cultural da Idade Media.

Pelo contrário, valorizavam a Antiguidade Clássica, em cujos textos e autores consideravam estarem contidas as verdadeiras sabedorias e beleza.

As sementes do humanismo foram lançadas pelos italianos. Coube-lhes iniciar a renovação da literatura, invocando a herança clássica, a exaltação da figura humana, a expressão sentimental, a fruição da vida.

A erudição humanista começou por se distinguir na procura entusiasta de manuscritos clássicos, no aperfeiçoamento da língua latina e na aprendizagem do grego e do hebreu.

Viajantes incansáveis, os humanistas percorreram bibliotecas e mosteiros, onde recuperam textos de grande valor poético, histórico, filosófico e até cientifico.

O latim foi a língua de comunicação entre os humanistas, estando na origem da criação de uma autêntica república de letras.

Na correspondência, que entre si trocavam, não deixavam de expressar ideias concretas sobre o mundo, realçando sempre a dignidade do Homem.

Insurgiram-se contra as traduções e interpretações erradas que a Idade Media fizera dos autores clássicos a própria Bíblia.

Os humanistas deram provas de um espírito crítico notável, ao analisarem os textos antigos. E, penetrando na essência do pensamento clássico e dos textos religiosos, procurando absorver os valores antropocêntricos da Antiguidade e restaurar, também, a pureza original e a missão espiritual da Igreja

Os caminhos abertos pelos humanistas







HUMANISTAS









A produção cultural do Renascimento reflecte a mentalidade antropocêntrica da época.
Tem o Homem no centro das suas preocupações, considerando-o um ser bom e responsável, inclinado para o Bem e para a Perfeição.

Estes princípios estão presentes no humanismo, que é a faceta literária do renascimento.

Os seus protagonistas são reconhecidos pelo nome de humanistas e foram os intelectuais da altura. A poesia, a história, o teatro e a filosofia constituíram os seus domínios de eleição.

O Homem é o único ser da Natureza dotado de razão, (INTELIGÊNCIA) o único que se faz a si próprio, que auto determina a sua conduta, que escolhe a sua missão.

Portugal: o ambiente cultural da corte régia



LUXO NO SÉCULO XVI


Em Portugal não faltaram exemplos de mecenato por parte da corte régia.
D. João II, D. Manuel e D. João III não se pouparam a despesas para acolher humanistas estrangeiros, assim como custear bolsas a estudantes portugueses na Itália, na França e em Coimbra.

Patrocinando grandes obras arquitectónicas e contratando artistas estrangeiros para a corte, contribuíram aqueles monarcas para a elevação da arte e a gloria dos seus reinados.

O ambiente da corte régia mostrava-se na verdade, deveras proporcionador da cultura. Provam-no ainda as festas por ocasião de casamentos reais ou de embaixadas.
O testemunho dos cronistas elucida-os das actividades desportivas dos cortesãos dos tecidos caros exibidos, dos touros inteiros que se mandavam assar para o banquete popular.
Pelas ruas de Roma desfilavam fidalgos e as ofertas ao Sumo Pontífice: o cavalo persa, a onça caçadora, o elefante indiano. Moedas de ouro eram entretanto, lançadas ao povo a lembrar a riqueza e o poderio do soberano português.

O estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas; o mecenato





Duque de Urbino, Piero della Francesca

Duqueza de Rubino, Piero della Francesca











O Renascimento admirou profundamente a força criadora do Homem, que se elevava à perfeição divina pelas obras do pensamento. Especialmente acarinhados e reconhecidos foram os intelectuais e os artistas. Merecem elogios sem fim e a protecção dos grandes.Elites cortesãs, príncipes, monarcas e papas rivalizaram entre si nas honras a prodigalizar aos intelectuais e aos artistas. Trata-se do mecenato prática que podemos fazer recuar o mundo greco-romano e que, no contexto do Renascimento, nos elucida sobre a promoção do individualismo.
Por um lado os mecenas garantiram a sua fama e gloria, não só através das grandiosas obras que particionavam, mas também graças a uma orientação da opinião pública, inteligentemente praticada pelos humanistas protegidos.
Por outro, artistas e intelectuais obtinham um reconhecimento dos seus méritos e talentos, que elevavam, também aos cumes da glória.

Cortesão ideal



Agnolo Bronzino, Lucrécia Panciatichi

Características do verdadeiro cortesão

• Talentos físicos
• Intelectual
• Qualidades morais
• Boas maneiras
• Reconhecível pelo seu porte e pela linguagem do seu corpo

A vida quotidiana das elites cortesãs era fortemente condicionada por exigentes regras de comportamento social. Conhecidas por civilidade, instruíam sobre o modo como se deveria comer, vestir, cumprimentar, falar, estar e sobre os preceitos de higiene pessoal.

Na sociedade cortesã é de salientar o progressivo e importante papel cultural concedido à mulher. Embora permanecesse ainda o ideal da mulher submissa, educada pelo pai ou marido, há indícios de dignificação e elevação do seu estatuto, como individuo que deve ser respeitado e estimado, mesmo fora do círculo familiar. Na corte são lhe reconhecidas capacidades de beleza, graça e ilustração.

A ostentação das elites cortesãs e burguesas


O renascimento viu nascer uma atitude optimista de exaltação da vida, que fora desconhecida na Idade Media. A alegria pela existência foi naturalmente mais vincada naqueles a quem a sorte sorria: as elites sociais, onde se misturavam nobres burgueses em busca de ascensão.
Rodeadas de luxo, conforto, beleza e sabedoria, as elites mostraram-se apreciadoras dos prazeres terrenos. Ostentavam vestes luxuosas, ricos palácios e solares, consumiam requintadas iguarias. Mas investiam, também, na aquisição de obras de arte, no reforço das suas bibliotecas, que orgulhosamente se exibiam. Para estas elites a cultura era um sinal de riqueza.MECENATO
Fomentaram a erudição humanista e os talentos artísticos, foram palcos de animadas festas e tertúlias; nelas brilhavam as elites sociais.

A Distinção de Mecenato



Cosme de Médicis

O Renascimento conheceu uma notável renovação das letras, das artes e das ciências. Mas assistiu igualmente, à expansão do capitalismo comercial e à afirmação dos homens de negócios; ao reforço dos Estados territoriais; à construção do espaço planetário e consequentemente alargamento do conhecimento do Mundo. O Homem nesta altura viveu um ambiente de entusiasmo, pois descobriu o seu valor, o seu poder de descoberta e de intervenção nos seus talentos.
A acumulação de riqueza entre os burgueses, possibilitou que estes se dedicassem à protecção dos artistas. Estes homens ficaram conhecidos por MECENAS. A proteção que deram, fez deles homens imortais, conecidos para sempre. Distinguem-se as famílias italianas Médicis e Sforza pela corte de homens de letras e das artes que eram seus protegidos.