terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A organização do espaço citadino

















3.1 A organização do espaço citadino

O modelo de organização do espaço urbano estudado anteriormente com os romanos, devidamente organizado, vai dar lugar a um modelo citadino caótico, a partir das invasões bárbaras. Este modelo citadino é caracterizado por um traçado irregular e espaços muito concentrados. São visíveis algumas diferenças entre as cidades do norte e do sul do país. No sul encontramos uma maior influência muçulmana, que distribuía as cidades pela alcáçova, reservada aos dirigentes e pela almedina, a zona popular.

No norte, coma influência cristã, as cidades possuem normalmente uma ou mais praças onde as ruelas confluem.

A cidade medieval portuguesa destacava-se na paisagem por estar envolta numa cintura de muralhas. A muralha delimitava o espaço urbano, dava-lhe segurança e embelezava-o.

Desde o século XIII, o crescimento demográfico do reino e os movimentos populacionais estiveram na origem de reestruturações urbanísticas. Muitos dos antigos arrabaldes bem como zonas rurais ficaram incluídos nas novas cinturas de muralhas.

A cidade medieval comportava um centro (zona nobre), onde se situavam o castelo, a torre de menagem, a Sé ou igreja principal, o paço episcopal, os paços do concelho, as moradias dos mercadores e mesteirais abastados


Não longe deles estava o mercado principal numa praça ou rossio.

O resto da cidade espraiava-se numa desordem total.

Só no reinado de D. Dinis se abriram ruas para servirem de eixo ordenador do espaço urbano. Eram mais largas do que o habitual e iam directamente de um ponto ao outro da cidade. Chamavam-se ruas direitas. Tudo o mais eram ruas secundárias.

Na cidade medieval portuguesa havia também minorias étnico - religiosas: os judeus e os mouros submetidos.

Muitos dos judeus eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros).

Eram mais letrados e mais abastados que o comum dos cristãos, e viviam nas judiarias.

Em finais do século XV, a convivência entre os judeus e os cristãos rompeu-se, quando D. Manuel lançou um édito, em 1496, que obrigou os judeus à conversão, sob pena de expulsão.

Quanto aos mouros, tinham condições bastante inferiores e viviam em mourarias, no arrabalde.

Havia duas partes importantes constituintes da cidade medieval portuguesa:

O arrabalde – estava localizado fora dos muros e acabou por se tornar um prolongamento da cidade. Nele encontravam-se as hortas que, juntamente com os ofícios poluentes (pelames ou curtumes) estavam próximas decursos de água.

Era um local muito privilegiado para mesteirais e mercadores.

Semanalmente tinha lugar um mercado bem fornecido, onde todos os habitantes se cruzavam. Contudo, alguma marginalidade rodeava o arrabalde, por causa da frequência de pedintes e leprosos.


O termo – era um espaço circundante de olivais, vinhas ou searas e várias aldeias incluídas.

Nele se exercia a jurisdição e o domínio fiscal, que era o que dava autonomia aos concelhos.

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