sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O INSUCESSO DO MERCANTILISMO FRANCÊS
















LUXO NA CORTE DE LUÍS XIV







Razões do fracasso das medidas mercantilistas

# Estado forte e dirigista

# Falta de investimento no sector agrícola

# Não desenvolve os mercados internos

# Asfixia da iniciativa privada e das inovações técnicas

# Aumento dos gastos do estado na corte( luxo e absolutismo)

# Aumento dos gastos do estado na defesa


# Aumento dos gastos do estado nos apoios às manufacturas

O Mercantilismo em França





MEDIDAS DE COLBERT (1619-93)


a) Política de fomento industrial de forma a obter uma balança comercial favorável:

* Desenvolvimento/introdução das manufacturas (têxteis, vidros)
* Apoio financeiro e concessão de privilégios às manufacturas nacionais
* Contratação de técnicos especializados
* Introdução de novas técnicas de fabrico
* Regulamentação da produção nacional
* Taxas aduaneiras sobre os produtos estrangeiros

b) Para favorecer o comércio, Colbert procedeu à criação de companhias comercias:

As companhias monopolistas do Levante, Índias Orientais e Ocidentais

Reforço das economias nacionais: o Mercantilismo












O que é o Mercantilismo?

É uma doutrina económica que vigorou durante o Antigo Regime e que se caracterizou pelo forte protecionismo do estado às atividades económicas em especial à indústria manufatureira e à exportação - venda ao estrangeiro.

Assim

* A riqueza de um país baseava-se na posse e acumulação de metais preciosos

* O enriquecimento assentava numa balança comercial favorável, conseguida com a diminuição das importações (taxas alfandegárias) e com o aumento das exportações (desenvolvimento das manufacturas nacionais e a criação das companhias comerciais).

1. A riqueza do Estado depende da quantidade de metais preciosos disponíveis (O OURO É O SANGUE DA NAÇÃO)

2. Impedir a sua saída e estimular a entrada

3. BALANÇA COMERCIAL FAVORÁVEL

COMO CONSEGUIR UMA BALANÇA COMERCIAL FAVORÁVEL?

- PROTECCIONISMO:

A)- Aposta na produção nacional, evitando a concorrência estrangeira

B)- Aplicação de taxas alfandegárias sobre os produtos estrangeiros

C)- Diminuição de taxas sobre os produtos nacionais

D)- Promoção da auto-suficiência e estímulo à exportação

- EXCLUSIVO COLONIAL (As colónias só podiam comerciar com a respetiva metrópole)

A)- Garantir o escoamento da produção nacional

B)- Conseguir matérias-primas baratas

O Reforço das Economias Nacionais e Tentativas de Controlo do Comércio









O Tempo do Grande Comércio Oceânico


Nos séculos XVII e XVIII, Portugal, França, Espanha, Holanda e Inglaterra detinham a maior parte do comércio intercontinental e, assim, eram considerados os países com mais lucro.

Isto levou ao desenvolvimento de novos mecanismos financeiros e o saber era orientado para a expansão dos negócios entre os mercadores europeus.

Iniciou-se a era do Capitalismo Comercial, que se caracterizava por gerar capital, investi-lo e aumentá-lo privilegiando o grande comércio.

Com esta nova dinâmica económica, impulsiona-se a colonização da América, que adquire de seguida um lugar de destaque nos circuitos comerciais europeus, uma vez que, da mesma, se extraía: açúcar, café, tabaco, algodão, gado e ouro.

Unindo-se à próspera rota atlântica que unia a Europa à África, surge o comércio
triangular e, a partir daí, o aumento do tráfico negreiro.

Locke e a justificação do parlamentarismo


No século XVII, a classe média era formada pela burguesia de negócios e por ricos proprietários rurais. Este grupo era a base social em que se apoiou a luta pelo regime parlamentar.

John Locke fundamentou o parlamentarismo de um modo teórico.

Segundo Locke, todos os homens "nascem livres, iguais e autónomos", por isso só com o consentimento de cada um é que pode vir um poder a que obedeçam. Esse poder é um contrato entre os governados e os governantes.

A revolução de 1688 foi originada pelos governados que, uma vez que o poder dependia deles, tinham o direito de se revoltarem contra os príncipes.

A obra de Locke contribuiu para o prestígio do sistema parlamentar que mais tarde se consolidou. Este sistema era considerado como um modelo de liberdade e um exemplo a seguir.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A restauração da monarquia. A Revolução Gloriosa








Abolida a república, após a morte de Cromwell, foi chamado a governar Carlos II, filho de Carlos I.

Durante o reinado de Carlos II, as liberdades individuais dos ingleses são reforçadas por documentos, Habeas Corpus, que limita os abusos por parte dos agentes judiciais.

Mas a tendência absolutista manteve-se durante o governo de Carlos II e do seu sucessor o que levou a nova revolução.

Foi a denominada Revolução Gloriosa que contribuiu para a consolidação do regime parlamentar.

Os novos reis (coroados em 1689), Maria e Guilherme de Orange juraram respeitar os princípios da Declaração dos Direitos. Este documento renova os princípios da liberdade individual e a não interferência dos monarcas nas decisões do parlamento.

A primeira revolução e a instauração da republica



Quando o Absolutismo se impôs na Europa, os rei ingleses reclamaram uma autoridade total. Esta atitude gerou conflitos entre os representantes parlamentares.

O rancor entre o rei e o parlamento fez-se sentir com mais intensidade no reinado de Carlos I. Em 1628 o rei viu-se obrigado a assinar a Petição dos Direitos, onde se comprometia a respeitar as leis antigas.

Devido a isto, Carlos I desmembrou o parlamento e iniciou um governo absolutista que mais tarde originou uma guerra civil no ano 1642.

Em 1649, a monarquia é abolida e é restaurada a república por Cromwell. Esta república acabou por se transformar em ditadura.

A recusa do absolutismo na sociedade inglesa




Em Inglaterra o poder do rei foi limitado pelos seus súbditos. O rei João Sem Terra ( nA Idade Média) foi forçado a aceitar um diploma que protegia os ingleses das injustiças do poder real e determinava a ilegalidade de qualquer imposto lançado sem o consentimento do povo (Magna Carta).

O absolutismo não foi aceite pelos ingleses. As tentativas de o implementar fracassaram sempre. Estas tentativas originaram revoluções que conduziram à execução de Carlos I, à deposição de Jaime II e à instauração de um regime republicano.

A EUROPA DOS PARLAMENTOS


ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DAS PROVÍNCIAS UNIDAS

1. República oligárquica: estado federado, cada província mantinha a sua autonomia.

2. Burguesia rica governava as cidades, as províncias e a Federação através de eleições (apenas votavam os ricos).

3. Nobreza minoritária, chefiava o exército.

4. Poupados, frugais, tolerantes, investiam nos negócios, educavam os filhos
Não havia miséria.

O Século XVIII: a consolidação do absolutismo monárquico




 Aumento do controlo do rei sobre o aparelho de estado

 Perda de poder dos conselhos do rei

 Progressiva centralização das competências nos secretários de estado, colaboradores mais próximos do rei

 Perda de importância das cortes (principal órgão consultivo da monarquia), tendo-se reunido pela última vez em 1697


O Absolutismo Joanino
Reinado de D. João V (1707-1750)

* Baseado no modelo francês de Luís XIV

Reforço da autoridade do rei:

- Controlo direto sobre toda a administração
- Deixa de reunir as cortes

- Controlo sobre a nobreza

• Aumento do prestígio externo:
- Neutralidade em relação aos conflitos europeus

- Apoio ao Papa contra os turcos recebendo o título de fidelíssimo

Fausto da sua corte:

- As cerimónias públicas ou embaixadas no estrangeiro eram manifestações marcadas pela ostentação e pelo luxo

Apoio às artes e às letras:
- Financiamento de bibliotecas (Universidade de Coimbra - Biblioteca Joanina)

- Apoio à música, teatro e ciência (fundação da Real Academia de História)

- Política de grandes construções (palácio - convento de Mafra, aqueduto das águas livres..) atraindo à corte portuguesa muitos artistas nacionais e estrangeiros

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Criação do Aparelho Burocrático do Estado Absoluto Português no séc. XVII (2)


2. As Finanças

Em 1642 é reorganizado o Conselho da Fazenda:
• Composto por três administradores
• Exerce funções ao nível da regulamentação das alfândegas, da gestão das pensões da coroa e da administração da fazenda real

3. A Administração do Reino

Entregue ao conselho ultramarino, que se responsabiliza pelo provimento de oficiais de justiça, da fazenda e da guerra, bem como da expedição das naus

4. Os Assuntos Militares

-Entregues a dois órgãos:

a) O Conselho de Guerra:

- Compete-lhe a conservação das fortalezas, a expedição de tropas e a nomeação de cargos militares
- Exerce funções judicias através do tribunal do Conselho de Guerra

b) A Junta dos Três Estados:

- Administra a recolha de impostos lançados para cobrir despesas relacionadas com a defesa do reino

A Criação do Aparelho Burocrático do Estado Absoluto Português no séc. XVII (1)















Após a Restauração da Independência, em 1640, D. João IV vai proceder à reorganização do aparelho burocrático:

1. Reactivação de órgãos criados anteriormente

2. Introduz algumas reformas

3 Reorganização do Conselho de Estado (órgão consultivo criado em 1562) sendo presidido pelo rei e constituído por três secretarias:

• Negócios do reino
• Estrangeiros e guerra
• Marinha e ultramar

A organização do Aparelho de Estado

1. Justiça

A Mesa do Desembargo do Paço: tribunal de última instância, tomando decisões que dependem directamente da vontade do rei

A Casa da Suplicação: tribunal superior que exerce a sua jurisdição sobre a região sul

A Relação da Casa do Porto: tribunal superior que exerce a sua jurisdição sobre a região norte

A Mesa da Consciência e Ordem: exerce a sua autoridade sobre as ordens

O Tribunal do Santo Ofício: tribunal religioso que inquire, julga e condena os suspeitos de práticas desviantes do catolicismo

Sociedade e Poder em Portugal


Preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada

Especificidades da sociedade portuguesa resultantes da evolução política:


A Burguesia:

* Interesse na ligação com Espanha devido ao acesso à prata sevilhana, para realização do comércio com o Oriente

A Nobreza:

* Decisiva no golpe que restaura a independência portuguesa

- A Nobreza fundiária (de sangue):

-> Ocupa altos cargos na administração e no exército

-> Recebe doações e mercês régias para pagamento de favores e de serviços prestados

- A Nobreza mercantilizada:

-> Ocupa os cargos de direcção do comércio ultramarino (dificultando a firmação da burguesia, vocacionada para as atividades comerciais) - CAVALEIRO - MERCADOR.

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


O Absolutismo Régio dos Séculos XVII e XVIII

As monarquias absolutas dos séculos XVII e XVIII resultam do desenvolvimento do processo de centralização do poder real.


Todos os poderes provenientes de Deus pertencem ao rei, não estando limitado por quaisquer outros poderes:

1. Faz, promulga e revoga as leis

2. Comanda o exército

3. É o supremo juiz

4. Chefia a administração pública

5. Recolhe os impostos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO ABSOLUTISMO

a) O rei estava desobrigado do respeito pelas leis

b) Ninguém podia obrigar o rei a executar o que quer que fosse

c) O rei legislava sem partilhar esse poder

d) O rei usava a equidade, imparcialidade e misericórdia na aplicação da lei

e) A inteligência e a razão eram apanágio da autoridade real pelo que era vital incutir no rei um conjunto de virtudes e qualidades no uso do poder

Formação da Sociedade de Corte:


1. O rei atrai à corte inúmeros funcionários e conselheiros da nobreza tradicional, seduzidos pela expectativa de uma mercê ou benesse real

2. O rei permitia a existência desta sociedade de corte pois possibilitava o controlo e a disciplina da nobreza

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


O Terceiro Estado:

1. Não detém nenhuns privilégios
2. Suporta, com o seu trabalho, todo o conjunto social

É constituído pelos seguintes grupos sociais:

1. Burguesia:
• Desejosa por ascender socialmente
• Composta por homens de letras, desempenhando altos cargos na administração ou exercendo profissões liberais (advogados, médicos, notários) e por grandes comerciantes, banqueiros e joalheiros.

2. Pequenos proprietários de terras, pequenos artesãos e comerciantes


3. Camponeses

• Indivíduos sem terra própria (rendeiros e os assalariados rurais)
• Homens dos ofícios (mesteriais)

4. Vagabundos e mendigos

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


A Nobreza:

1. Ocupa os cargos mais importantes na administração e no exército
2. Não paga impostos
3. Possui leis específicas
4. Cobra direitos senhoriais
5. Detém enormes propriedades fundiárias

A Nobreza de Sangue ou de Espada:


1. Ligada à carreira das armas, ocupando os postos mais elevados do exército
2. Vive junto à corte do rei, com o objetivo de angariar poder e privilégios
3. Nobreza rural: vive em dificuldades, pois está dependente dos seus rendimentos

A Nobreza de Toga:


1. Constituída por homens de origem burguesa, formados em leis
2. Tornou-se nobre em virtude das funções públicas que desempenhou, fruto da centralização do poder e da burocratização do estado

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


O Clero:

1. Funções religiosas
2. Dedicam-se ao ensino e à assistência
3. Possuem leis (foros) e tribunais próprios
4. Gozam de diversos privilégios:
• Direito de asilo
• Isenção de impostos e de prestação de serviço militar
5. Detêm uma enorme riqueza fundiária
6. Recebem a dízima (uma décima de produção nacional)

O Alto Clero:
Desempenham cargos elevados na administração e no ensino

O Baixo Clero:

Responsável pelos serviços religiosos a nível local

Provinham de estratos sociais inferiores

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


Ordem/Estado:

Designação atribuída a cada um dos três estratos da sociedade do Antigo Regime – clero, nobreza e povo ou terceiro estado – caracterizados pelo facto de a categoria social depender do nascimento e das funções desempenhadas pelos indivíduos pertencentes a determinada ordem.
A pertença a uma ordem confere ao respetivo membro certas honras, dignidades, direitos e deveres, bem como um estatuto jurídico próprio incluindo formas de tratamento e traje específico.

A Sociedade de Ordens - Uma sociedade juridicamente desigual


Elementos de distinção das ordens:

Dignidade

Honra

Indumentária

Estatuto Penal

Direitos e Deveres

A Europa Política e Social dos Séculos XVII e XVIII


Estratificação social e poder político no Antigo Regime:

Antigo regime: designação atribuída ao sistema político, económico e social que vigorou na Europa entre o período dos Descobrimentos dos séculos XV/XVI e as revoluções liberais do século XVIII.
No plano político: o Antigo Regime caracteriza-se pela consolidação do Absolutismo Monárquico.
No plano económico: apresenta uma estrutura produtiva de base agrícola complementada pelo desenvolvimento do capitalismo comercial e financeiro.
No plano social: assenta numa forte hierarquização em “ordens” ou “estados” privilegiados e não privilegiados.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A População da Europa nos séculos XVII e XVIII


O século XVIII:

- Crescimento generalizado da população, sobretudo na segunda metade do século XVIII:

Diminuição da taxa de mortalidade;
• Saldo fisiológico positivo
• Aumento populacional (revolução demográfica)


CAUSAS:

-1. Revolução agrícola:
• Novas técnicas (afolhamento quadrienal)
• Adubação
• Emparcelamento
• Mecanização

-2. Revolução dos transportes:
• Barco a vapor
• Caminhos-de-ferro

Melhoria na produção e circulação de bens
e mercadorias

Maior disponibilidade de alimentos

Diminuição das fomes
3. Progressos na Medicina:
• Vacinação

4. Progressos na saúde pública:
• Hospitais
• Esgotos e canalizações

Diminuição do impacto das epidemias e da morte

A População da Europa nos séculos XVII e XVIII


Europa do Norte e Oeste

Período de crescimento:

Dinamismo económico e social da Holanda e Inglaterra

• Obrigatoriedade de apoio aos pobres

• Acesso fácil ao mercado internacional de cereais (Holanda)

A População da Europa nos séculos XVII e XVIII


Dupla tendência na evolução demográfica

1600-1700:
• Declínio ou estagnação

1700-1800:
• Crescimento generalizado

O século XVII – a economia pré-industrial:

• A estrutura produtiva assenta numa agricultura tecnicamente pouco desenvolvida;
• É mobilizadora de muita mão de obra;
• A expansão demográfica no século XVII está condicionada pela falta de recursos

A Evolução da População:

Na Europa Mediterrânica -- Declínio

Na Europa Central Estagnação


CAUSAS


1. Maus anos climáticos;
2. diminuição da produção agrícola;
3. aumento dos preços dos bens essenciais;
4. fomes e epidemias;
5. guerras, destruição dos campos e redução da mão de obra.

Crises Demográficas

Diminuição da população: devido ao aumento da taxa de mortalidade, diminuição das taxas de nupcialidade, fecundidade e natalidade => SALDO FISIOLÓGICO NEGATIVO

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ano novo, vida nova

Queridas e queridos alunos

Depois de umas férias bem longas, cá estamos para dar continuidade ao nosso trabalho e reforçarmos a nossa amizade.

Este será, assim o espero, o nosso espaço de encontro onde continuaremos a falar de história e das dúvidas que ela levanta.

Como sabem, podem continuar a contar comigo. Ainda não vos vi (fui à escola à vossa procura) mas penso que nos iremos encontrar na próxima semana. Até lá fiquem bem. Abraços

terça-feira, 14 de junho de 2011

Boas Férias


Para o próximo ano cá nos encontramos. Foi um prazer ter tido alunos tão simpáticos, divertidos e, muitos, muito trabalhadores.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

GOTICO-MANUELINO




















Portugal, no século XVI, sob a influência das descobertas marítimas, do afluxo das riquezas de além-mar, da consolidação do poder real e do fausto da vida cortesã, a arquitectura gótica renova-se e multiplica-se os motivos ornamentais, dando origem a um estilo híbrido, denominado por manuelino





GOTICO-MANUELINO

Mais do que um estilo, dotado de originalidade e uniformidade, o manuelino é uma arte heterogénea. Manifesta-se na arquitectura e na decoração arquitectónica e nela se fundem:

 O naturalismo

 O exotismo

 A simbologia cristã

Do ponto de vista estrutural, o estilo gótico foi mantido, embora se introduzissem algumas alterações.

No que se refere à decoração, o manuelino caracteriza-se pela exuberância das formas naturalistas, onde os motivos marinhos se conjugam com a vegetação terrestre.

Embora o manuelino esteja maioritariamente representado na arquitectura religiosa de Portugal, não devemos esquecer os progressos verificados na arquitectura civil: os paços régios e os solares nobres representam bem a decoração manuelina.

ARQUITETURA


Gramática decorativa greco-romana

Para além dos aspectos estruturais, a influência da Antiguidade fez-se também sentir na adaptação da gramática decorativa greco-romana. Assim:

1- Empregam-se as colunas e os entablamentos das ordens clássicas. No séc. XVI, os arquitectos elaboraram uma nova teoria das regras de proporção

2- Retomaram-se os frontões triangulares

3- Utilizaram-se os grotescos

4- Proporções urbanísticas

ARQUITECTURA




Foi na Itália, que a arquitectura renascentista se afirmou e definiu as suas principais características.
Simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios
De costas voltadas para o estilo gótico e influenciada pela Antiguidade a arquitectura procedeu, a simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios.


Com efeito:

1- Verificou-se uma matematizaçao rigorosa do espaço arquitectónico a partir de múltiplos de uma unidade-padrao. As relações proporcionais, estabelecidas entre as várias partes do edifício estenderam-se às suas medidas principais. Se estas coincidissem, o edifício inscrever-se-ia num cubo. “Cubos e paralelepípedos”


2- Procurou-se a simetria absoluta, partindo-se do princípio de que o edifício ideal é aquele em que todos os eixos, na horizontal e na vertical, são simétricos. As fachadas, por sua vez visível no rigoroso enquadramento que preside às portas e janelas.

3- Aplicou-se a perspectiva linear

4- Retomaram-se as linhas e os ângulos rectos

5- Preferiram-se as abóbadas de berço e de arestas

6- Fez-se a cúpula

7- Utilizou-se preferentemente o arco de volta perfeita

ESCULTURA





A escultura recuperou a grandeza e a preeminência alcançadas na Antiguidade Clássica.

Nelas se inspiraram os escultores do Renascimento para traçar os novos caminhos da sua arte. Ao deixar de estar subordinada ao enquadramento arquitectónico, para onde a Idade Media a relegara, a escultura ganhou agilidade e naturalidade. O corpo nu readquiriu a dignidade perdida e a estátua equestre voltou a triunfar na praça pública.

CARACTERÍSTICAS:

1- Humanismo e naturalismo são, efectivamente, as grades características da escultura do são, efectivamente, as grades características da escultura do Renascimento. Os escultores interessaram-se pela figura humana pelo indivíduo dotado de ossos, músculos e personalidade. Foram excelentes no rigor anatómico e na expressão fisionómica que produziram nas suas obras. As formas rígidas da escultura medieval deram lugar à espontaneidade e à ondulação das linhas.


2- O equilíbrio e a racionalidade marcaram a escultura renascentista que mostrou um especial interesse pela composição geométrica


3- O elevado aperfeiçoamento técnico de que os escultores do os escultores do Renascimento mostraram ser capazes. Salientam-se os estudos de perspectiva, baseados em rigorosos desenhos prévios, que permitiram a proporção e o naturalismo da escultura.


Escultores do renascimento:
• Lorenzo Ghiberti
• Donatello
• Bernardo Rossellino
• Andrea del Verrocchio
• Miguel Ângelo

PINTURA




É durante o Renascimento que a pintura europeia se promove e emancipa, adquirindo uma dignidade e elevação sem precedentes.


Leonardo da Vinci elevou a pintura ao cume das artes. Ela era a arte por excelência, o pintor, o criador.



Falando agora das características gerais da pintura renascentista, diremos que ela comungou da paixão pelos clássicos. Tal como se fez sentir no gosto pela representação da figura humana.


Deste modo, a pintura reflectia, também, a redescoberta homem e do indivíduo, que foi uma imagem de marca da cultura renascentista. O que mais vinca a pintura do Renascimento é a sua originalidade e criatividade.

1. Pintura a óleo


É realizada sobre a madeira ou tela, a pintura a óleo conheceu uma grande aceitação. Não só pela durabilidade e possibilidade de retoque que conferia às obras de arte, mas também pela variedade de matizes e de gradações de cor, que garantiam representações pormenorizadas e efeitos de luz e de sombra.


2. Terceira dimensão

A descoberta da terceira dimensão ficou-se a dever aos estudos matemáticos sobre a perspectiva. De acordo com tais estudos, o campo de visão do observador é estruturado por linhas que tendem a unificar-se no horizonte. Servindo-se do cruzamento d obliquas, de efeitos de luz e cores, de aberturas rasgadas nos fundos arquitectónicos, construindo assim um espaço tridimensional, marcado pela profundidade, pelo relevo e pelo volume das formas. Deste modo, concretizaram a perspectiva linear.
No séc. XVI, Leonardo da Vinci tornou-se um grande teórico da perspectiva aérea. Para o efeito utilizava o sfumato, gradação pequeníssima da luz, que nos permitiu ver os objectos locais com maior nitidez, enquanto os mais afastados se transformam em sombras azuladas.

3- Geometrização


Para a composição das cenas, os pintores renascentistas adoptaram formas geométricas, com preferência pela piramidal, para composição das cenas. Considera-se que perspectiva e geometria foram os grandes fundamentos da composição artística no Renascimento.



4- As representações naturalistas


As representações naturalistas enquadram-se no movimento de descoberta da Natureza e de valorização do real numa época de renovação de hábitos e ideias, em que se despontava a concepção do homem.
A expressividade dos rostos, aos quais não se inibia de apontar imperfeições.

Não lhes bastou a veracidade dos traços fisiológicos. A grandeza dos retratos renascentistas residiu na sua capacidade de exprimir sentimentos e estados de alma e de reflectir os traços da personalidade.

Ressalta também, a espontaneidade dos gestos e a verosimilhança das vestes e dos cenários, que eram de casas e paisagens da época, em lugar dos fundos dourados das pinturas góticas.


Por sua vez, o corpo, de humanos ou animais, foi pintado com verdadeiro rigor anatómico.

Quanto à variedade de rochas, plantas, rios, lagos, montanhas e cidades, foram consequência de um conhecimento experimental do mundo envolvente, que permitiu fazer da paisagem um elemento essencial da composição pictórica.

A reinvenção das formas artísticas


1- A imitação e superação dos modelos da antiguidade


Tal como nas letras e o pensamento renascentistas, também a arte do séc. XV e XVI foi marcada por uma nova estética e uma nova sensibilidade, que irradiaram da Itália. O regresso aos clássicos e o regresso à natureza inscreveram-se nos seus propósitos fundamentais.
2- Classicismo


O ressurgimento da Antiguidade clássica influenciou profundamente o mundo das formas. Os artistas do Renascimento, tal como os humanistas, manifestaram um tal repúdio pela estética medieval, particularmente pela gótica, que consideravam oposta à clássica. Só a arte dos antigos é que era harmoniosa, proporcionada e bela, pois baseava-se em leis e regras racionais.

Como manifestações de classicismo na arte do Renascimento, devemos referir:

• A recuperação dos elementos arquitectónicos greco-romanos, tal como a própria teoria clássica de ordem arquitectónica.

• Adopção de temáticas e figuras da mitologia e da história clássica

• O gosto pela representação do corpo humano com uma plenitude quase pagã. O nu ressurge glorificado, no Homem, a perfeição divina das suas formas.

• O sentido de harmonia, simetria e ordem que transparece das criações artísticas, verdadeiramente celebrador da excelência humana. Ao fazer do Homem uma medida na arte, o classicismo acabou por se tornar uma forma de humanismo artístico.
3- Naturalismo e capacidade técnica

Um vivo sentido de captação do real animou os artistas do Renascimento, que exprimiam um verdadeiro prazer nas representações do ser humano e nas reproduções da Natureza.

Foi o naturalismo na arte responsável pela descoberta de duas importantes e revolucionarias técnicas:
A perspectiva, conjunto de regras geométricas que permitem reproduzir, numa superfície plana, objectos e pessoas com aspecto tridimensional.

A pintura a óleo, favorece a visualização do detalhe e a obtenção de uma gama de cores rica em tonalidades.

A capacidade técnica dos artistas do renascimento que os levou a produzir uma obra original, superando os modelos da Antiguidade.

Conscientes do seu valor, da sua cultura e experiência e dos seus múltiplos talentos, os artistas não mais quiseram ser considerados apenas bons artífices de uma oficina de arte. Por isso, recusaram a integração nas corporações e, orgulhosamente, colocaram a sua assinatura nas obras de arte.

O artista do renascimento sentiu-se um criador.

Racionalidade, espírito crítico, individualismo e utopia




Erasmo de Roterdão


Os humanistas demonstraram as possibilidades da razão humana ao exercerem o seu espírito crítico. Fizeram-no denunciando os problemas do mundo que os rodeia e concebendo utopias.
Erasmo de Roterdão procurou recuperar os valores de humildade, da caridade e da fraternidade do cristianismo primitivo.

Foi pelos seus ideais de conduta, um ponto de referência para todos aqueles que buscavam a autenticidade, a honestidade e a pureza evangélica.

É usual dizer-se que o renascimento descobriu o homem, libertando-o dos constrangimentos do passado, fossem ele familiares, corporativos, religiosos ou da sociedade em geral e que os colocou no centro do mundo. Não existindo este corte entre a Idade Média e o Renascimento que alguns historiadores defenderam, é verdade que entre uma época e outra assiste-se a um enfraquecimento dos vínculos sociais: indivíduos que não pertenciam aos grupos dirigentes conseguiram afirmar-se, segundo carreiras fora dos quadros tradicionais.


Foi a tomada de consciência do seu valor que produziu os aspectos que tradicionalmente se associam ao homem renascentista: um homem universal – hábil nas letras e na ciência, cortesão e soldado – egoísta, com ambição de fama e de nome imortal.

Frequentemente, a crítica social conduziu a construção de utopias. Com efeito, muitas obras literárias do renascimento perspectivaram mundos de perfeição e harmonia, onde se praticava um novo ideal de vida centrado nos valores humanos.


A utopia mais célebre foi a de Thomas More, esta utopia concebeu um mundo ideal, racionalizado, onde havia paz espiritual, igualdade, fraternidade e tolerância. Um mundo onde o homem, como ser superior, sabia vencer as paixões e os vícios e estabelecer a prosperidade.

Valorização da antiguidade clássica



Eram na sua maioria eclesiásticos e professores, os humanistas condenam fortemente os valores e a produção cultural da Idade Media.

Pelo contrário, valorizavam a Antiguidade Clássica, em cujos textos e autores consideravam estarem contidas as verdadeiras sabedorias e beleza.

As sementes do humanismo foram lançadas pelos italianos. Coube-lhes iniciar a renovação da literatura, invocando a herança clássica, a exaltação da figura humana, a expressão sentimental, a fruição da vida.

A erudição humanista começou por se distinguir na procura entusiasta de manuscritos clássicos, no aperfeiçoamento da língua latina e na aprendizagem do grego e do hebreu.

Viajantes incansáveis, os humanistas percorreram bibliotecas e mosteiros, onde recuperam textos de grande valor poético, histórico, filosófico e até cientifico.

O latim foi a língua de comunicação entre os humanistas, estando na origem da criação de uma autêntica república de letras.

Na correspondência, que entre si trocavam, não deixavam de expressar ideias concretas sobre o mundo, realçando sempre a dignidade do Homem.

Insurgiram-se contra as traduções e interpretações erradas que a Idade Media fizera dos autores clássicos a própria Bíblia.

Os humanistas deram provas de um espírito crítico notável, ao analisarem os textos antigos. E, penetrando na essência do pensamento clássico e dos textos religiosos, procurando absorver os valores antropocêntricos da Antiguidade e restaurar, também, a pureza original e a missão espiritual da Igreja

Os caminhos abertos pelos humanistas







HUMANISTAS









A produção cultural do Renascimento reflecte a mentalidade antropocêntrica da época.
Tem o Homem no centro das suas preocupações, considerando-o um ser bom e responsável, inclinado para o Bem e para a Perfeição.

Estes princípios estão presentes no humanismo, que é a faceta literária do renascimento.

Os seus protagonistas são reconhecidos pelo nome de humanistas e foram os intelectuais da altura. A poesia, a história, o teatro e a filosofia constituíram os seus domínios de eleição.

O Homem é o único ser da Natureza dotado de razão, (INTELIGÊNCIA) o único que se faz a si próprio, que auto determina a sua conduta, que escolhe a sua missão.